Autor: Daniel Reis Plá
Este trabalho procura discutir a relação entre meditação budista e treinamento de atores. Há mais de um século o budismo tem sido objeto de estudo de acadêmicos da Europa e América.
Ao longo desse período um vasto material foi produzido e disponibilizado falando sobre a filosofia, a religião e as práticas culturais ligadas as diferentes tradições budistas. Especialmente os estudos de Varela e Wallace apontam para uma abordagem mais ampla do diálogo dessa tradição com a ciência, aprofundando o debate acerca das suas contribuições para áreas como a neurologia, a neuropsicologia e a epistemologia científica. Também no âmbito da pesquisa em teatro os estudos interculturais e interdisciplinares cresceram ao longo do último século e, entre eles, o budismo começa a ganhar importância.
Na maioria desses estudos, porém, o foco tem sido orientado pelo instrumentalismo, uma perspectiva que define a validade de uma explicação a partir do seu uso, não importando tanto o quê das coisas, mas o como elas funcionam. Nessa direção muitas investigações têm sido orientadas por uma sobrevalorização da “técnica” e por um discurso cientificista, abordando as diferentes tradições a partir de critérios de uso.Este texto se propõe a explorar algumas das perspectivas que os estudos sobre a meditação budista podem trazer para o pensamento acerca do treinamento de atores como prática de formação. Assim, esse trabalho busca responder questões ligadas à prática do diretor e professor de teatro, vinculando-se a uma linhagem de artistas como Grotowski e Stanislavski que vêem no ator o elemento principal dessa arte, na organicidade um de seus fundamentos, e que acreditam que o processo formativo em teatro envolve um tipo de ação pedagógica que ultrapassa a sala de ensaio, apontando para o desenvolvimento integral do indivíduo.
Fonte: Academia.edu