O KARMAPA ENSINA OS OITO VERSOS SOBRE O TREINO DA MENTE, um dos textos mais amados sobre o treino da mente (lojong) que destila a sua própria essência. O autor, Geshe Langri Thangpa, era um famoso professor Kadampa, que também era chamado de “o sério” ou o “rosto sombrio”. Devido ao seu foco compassivo no sofrimento dos seres vivos no samsara, ele quase nunca sorria.
O que é o Lojong?
O âmago do treino da mente, explicou o Karmapa, é praticar ver a si mesmo e aos outros como iguais e, então, trocar a si mesmo por eles. Tendo estudado estas instruções nos textos principais e praticado os seus ensinamentos, Langri Thangpa condensou todas elas nestes oito versos.
Normalmente o treino da mente não depende da extensão do texto, mas da apresentação concisa dos pontos-chave. Podemos ler muitos textos e os seus comentários, comentou o Karmapa, mas se não pudermos combinar estes ensinamentos com a nossa mente, se não os internalizarmos, eles não nos beneficiarão. A linhagem Kadampa, em geral, enfatiza a prática sobre o estudo. Os seus professores focavam mais na experiência do que no intelecto. Extraindo o significado essencial de todos os ensinamentos do Buda, eles colocam-nos em prática sem erro e sem deixar nada de fora. Cada um dos versos de Langri Thangpa dá uma dessas instruções-chave, como veremos.
O PRIMEIRO VERSO DIZ:
Considerando todos os seres vivos mais preciosos do que uma joia que realiza desejos, Para realizar o objetivo mais elevado, sempre os terei em consideração.
“Este versículo inicial”, resumiu o Karmapa, “ensina que todos os seres vivos são mais importantes do que uma joia preciosa que realiza desejos. Por quê? Eles são indispensáveis para alcançar o objetivo mais elevado, o nível do estado de Buda. Nós refugiamo-nos, geramos bodhichitta e, então, ao meditar sobre o benefício dos outros e desenvolvendo a nossa bodhichitta, tornamo-nos totalmente despertos. Visto que os seres vivos nos auxiliam neste processo, eles são como uma joia preciosa.”
Geshe Langri Thangpa
Não basta saber que existem seres vivos ao nosso redor, aconselhou o Karmapa, devemos treinar para considerá-los mais preciosos do que nós. Desde tempos sem começo, outros e nós existimos. Avançamos no tempo juntos. Visto que treinamos bodhichitta através do relacionamento com os outros, devemos considerá-los mais caros do que nós.
E essas inúmeras conexões podem ser negativas ou positivas. Se eles são um ou outro, depende da forma como nos relacionamos com eles. Podemos criar relacionamentos positivos, não apenas para ganhos temporários, como comida e roupas, mas para expressar amor e compaixão genuínos. Se pudermos fazer isso, uma excelente conexão será criada e a nossa bodhichitta crescerá.
“Criar as circunstâncias certas permite-nos atingir os nossos objetivos nesta vida”, declarou a Sua Santidade. “De uma perspectiva, isso significa uma boa situação neste mundo contemporâneo – educação, a capacidade de fazer o trabalho, uma certa dose de boa sorte e assim por diante. Porém, mais importante do que tudo isso são os relacionamentos que temos com os outros. Eles respondem por 60% a 70% de se podemos cumprir os nossos objetivos ou não. Alcançar a libertação ou omnisciência depende da qualidade dos nossos relacionamentos com os outros. Pensamentos de amor e compaixão, bem como meditar na bodhichitta, são a causa para atingir o despertar completo. Pelo contrário, se as aflições e venenos estão presentes no nosso ser, a libertação ou felicidade imutável será impossível de encontrar.”
Poderás ler este texto na íntegra na nossa Revista #4.