O Budismo Theravada, o “Caminho dos Anciãos” é a forma de budismo predominante no Sri Lanka, Myanmar (Birmânia), Tailândia, Camboja e Laos.
Theravada é entendido pelos seus seguidores como um estilo tradicional e conservador da religião. Segue como escrituras o Tripitaka, os textos budistas mais antigos. Esses textos apresentam, sem dúvida, as primeiras versões existentes das palavras e ensinamentos do Buda. Theravada, portanto, enfatiza os preceitos fundamentais do budismo como as Quatro Nobres Verdades, o Caminho Óctuplo e as Quatro Virtudes Ilimitadas. Os Theravadins enfatizam a diferença entre a Sangha (a ordem monástica) e os leigos. Aos monges e monjas Theravada é esperado o cumprimento estrito a da antiga regra monástica budista.
Um monge pode esperar, depois de muitas vidas, talvez tornar-se um arhat, isto é, um ser liberto pela meditação, especialmente a meditação vipassana, a meditação da análise. Vipassana ajuda aquele que medita a perceber que a vida, como habitualmente vivida, é cheia de sofrimento, sempre a mudar e sem um eu individual, separado, no seu centro. Além desse nível de experiência, encontra-se o Nirvana, o oposto a tudo o que muda, ao sofrimento e ao individual.
No entanto, tendo sido a religião dos cinco países acima descritos, por muitos séculos, o budismo Theravada também tem aspectos da religião popular e folclórica. Os países Theravada têm um número impressionante de templos ornamentados, cada um contendo uma imagem dourada do Buda.
Em vez de meditar como os monges, os leigos geralmente tentam criar bom Karma, ou mérito, por práticas como dourar as imagens do Buda, dar apoio aos monges, realizar atos de caridade e compaixão todos os dias. Com o tempo, eles poderão alcançar a reencarnação como monges no caminho para serem Arhats. Eles também podem renascer num dos céus budistas,
lugares esplêndidos, mesmo com falta do Nirvana, mas o seu tempo dura apenas tanto quanto o bom karma que eles obtiveram.
Em todas as terras Theravada, exceto no Sri Lanka, os jovens entram idealmente para um mosteiro por mais ou menos um ano. Aprendem o básico da religião e experimentam outro modo de vida que não o do mundo exterior. A maioria não permanece como monástico, mas aqueles que o fazem, tornam-se monges anciãos e reverenciados professores espirituais, altamente homenageados por leigos e monges juniores.
Os festivais budistas são importantes para o budismo popular nas terras Theravada. O principal festival anual é Wesak na primavera, que comemora o nascimento, iluminação e entrada do Buda no Nirvana. Neste dia, as árvores são regadas, velas e incenso são queimados e foguetes são lançados.
Um mês depois, começa a estação das chuvas, que para os Theravadins é um tempo de disciplina religiosa especial, como a Quaresma para alguns cristãos. Os monges permanecem em retiro nos mosteiros. Muitos leigos decidem seguir a moralidade budista mais estritamente do que de outra forma. No final do retiro, outro grande festival é realizado com danças tradicionais e a apresentação formal de presentes aos monges.
No século XX, o mundo Theravada sofreu consideravelmente com a guerra e as rápidas mudanças. Quando o Sri Lanka e a Birmânia (mais tarde Mianmar) conquistaram a liberdade da Grã-Bretanha, os monges desempenharam um papel de liderança nos movimentos de independência. Posteriormente, o Sri Lanka ficou chocado com o conflito interno entre o
budismo Cingalês e minoria hindu tâmil, e Mianmar sofreu repressão política.
O Camboja e o Laos foram apanhados na devastadora Guerra do Vietname. Posteriormente, o Camboja sofreu sob o regime particularmente brutal do Khmer Vermelho (1975-79).
A Tailândia foi poupada do pior, mas sofreu os traumas da rápida modernização. Através de todas essas vicissitudes, o budismo Theravada ofereceu aos povos dessas nações um lugar de refúgio interior e símbolos de continuidade com a cultura do seu passado.
Fonte: The Encyclopedia of World Religions (Revised Edition), Robert S. Ellwood, Gregory D. Alles by DWJ BOOKS LLC